José Atento
Os leitores deste blog sabem que nós somos críticos quanto a postura do Papa Francisco frente ao islamismo. É nossa opinião que ele não denuncia de modo contundente a perseguição que os cristãos são vítimas no mundo de hoje (a maior da história). Apesar dele fazer referência a perseguição, ele perdeu oportunidades de chamar a atenção disso em forums internacionais, por exemplo, o seu discurso nas Nações Unidas e no Congresso dos EUA, sob os holofotes da imprensa internacional.
Contudo, merece elogios deste blog a postura do Papa Francisco com respeito ao Genocídio Armênio, ainda mais pelo fato dele não ter se curvado frente as pressões da Turquia.O Papa Francisco terminou uma visita de três dias a Armênia. A Armênia, assim como Grécia e Pérsia, é um daqueles nomes que surgem ao se estudar a Antiguidade. O Reino da Armênia foi o primeiro reino a adotar o cristianismo na história, ano 301, quando o Rei Tiridates se converteu, sob a influência de São Gregório, o Iluminador. Os armênios foram também os primeiros a pegarem em armas para defenderem o seu direito de serem cristãos, menos de 10 anos após adotarem o cristianismo, ao serem atacados pelo Império Romano (naquela época, ainda pagão).
A Armênia, e os armênios, sofreram os efeitos contínuos da jihad islâmica, por parte dos árabes, persas e turcos, sendo contínuamente atacados e ocupados, e, mais recentemente, sofreram o Genocídio Armênio efetuado pelos turcos-otomanos.
Posição relativa da Armênia Histórica e da atual República da Armênia
Coroação do Rei Tiridates por São Gregório, o Iluminador
Pois bem, o Papa Francisco na sua viagem a Armênia se referiu ao Genocídio Armênio, colocando-o dentro do contexto do genocídio cristão que acontece na atualidade. E ele também fez referência a outros genocídios, o Holocausto, em Ruanda, em Cambodia. Além do mais, é política oficial do Vaticano, como Estado, reconhecer o Genocídio Armênio. De modo que não existe nada novo na declaração do Papa.
O governo turco ficou furioso, e chamou o embaixador da Turquia no Vaticano e pediu explicações ao Núncio Apostólico (como o Vaticano chama seus embaixadores) residente na Turquia. O governo turco, através do seu Primeiro Ministro Nurettin Canikli chegou a usar de uma vocabulário, diria eu, Jihadista (Hurriyet):
Infelizmente, é possível ver todas as reflexões e os vestígios de uma mentalidade cruzada nas ações do papado e do papa.A reação do Vaticano foi imediata. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse (Reuters):
O papa não está em uma cruzada. Ele não está tentando organizar guerras ou construir paredes. Ele quer construir pontes. Ele não disse uma palavra contra o povo turco.
E, o próprio Papa Francisco, repetiu a sua afirmação após o incidente diplomático, mostrando que ele não está disposto a esconder a verdade.
Muito bem, Papa!
Papa Francisco e Patriarca Karekin II
O fato é que a Turquia está isolada. A postura islamista do presidente Erdogan, a repressão do seu governo internamente contra jornalistas e opositores, a ajuda ao Estado Islâmico e aos rebeldes jihadistas na Síria que lutam contra o presidente Assad, a derrubada do caça russo, a tentativa de extorção da Europa por conta da crise de refugiados, e os ataques contra civis curdos, tudo isso manchou uma imagem que já não era lá esta coisa. E a indústria do turismo turco está sendo tremendamente afetada pela falta de turistas.
A coisa está tão mal para a Turquia, que legisladores alemães indiciaram o presidente turco Erdogan por crimes contra a humanidade devido a ação militar contra os curdos (The Local).
E agora, Erdogan se volta a dois inimigos, Israel e Rússia, no caso deste último, chegando a pedir perdão e oferencedo retribuição pelo caça abatido (RT).
O Império da Armênia, século I AC, sob o Imperador Tirgranes, o Grande,
marcou a expansão máxima da Armênia
Armênia
Excelente blog muito bem construído e muitas informações.
ReplyDeleteAceita parceria de links?
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grande abraço